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LAG Blog

  • Writer's pictureCláudio Jorge Moura de Castilho

Movimentos Sociais e Espaço Urbano

Esta postagem de blog é a primeira em que será uma série sob o título Uma rede das redes. Essas postagens apresentarão as redes de geógrafos, e grupos com interesses geográficos de toda a América Latina. Esperamos que esta série ajude a promover o projeto da rede LAG-UK, como um recurso para aprofundar os laços entre as comunidades geográficas no Reino Unido e na América Latina. Se você quiser apresentar uma rede nesta série, entre em contato com lagukblog@gmail.com


MOVIMENTOS SOCIAIS E ESPAÇO URBANO (MSEU), UM GRUPO DE PESQUISA QUE, NOS SEUS 20 ANOS DE EXISTÊNCIA, NUNCA SE CALOU DIANTE DA PERVERSIDADE DO MODELO DE TERRITÓRIO USADO NO BRASIL


Desde o ano 2000, quando foi criado e registrado junto ao Diretório dos Grupos de Pesquisas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) do Brasil, o grupo de pesquisa Movimentos Sociais e Espaço Urbano (MSEU) vem denunciando, incansavelmente, a permanência, no tempo-espaço brasileiro, das desigualdades e injustiças socioterritoriais bem como os retrocessos inerentes aos interesses hegemônicos que, historicamente, nunca se conformaram com as conquistas sociais dos brasileiros e das brasileiras.


O Brasil é, sem dúvida, um país que se acha no patamar dos mais desiguais e injustos do mundo, o que se deve, sobretudo, ao fato de que, nos seus cerca de 520 anos de inserção no mercado mundial pelos europeus, o seu território vem sendo usado, notadamente, como recurso aos interesses puramente econômicos do capitalismo. Isso tem acontecido com o apoio implacável das elites “do atraso” cujas ações executadas visando à geração e acumulação de riquezas a todo custo, vem destruindo os bens da natureza, bem como fragmentando, explorando e desmobilizando os povos tradicionais e as classes sociais subalternizadas e oprimidas, ou seja, aquelas que não interessam de imediato às relações capitalistas de ser (produção-distribuição-circulação-consumo) e pensar (imposição da razão neoliberal de mundo).


Foi justamente no contexto do aguçamento das contradições socioterritoriais inerentes ao modelo do desenvolvimento histórico-geográfico desigual incentivado, então, pela onda neoliberal procedente do Hemisfério Norte ao início dos anos 2000, suscitando conflitos e tensões significativas no Brasil, que o MSEU foi criado e instituído. A iniciativa deveu-se ao Prof. Cláudio Jorge Moura de Castilho, do Departamento de Ciências Geográficas da Universidade Federal de Pernambuco – Campus Recife – junto com seus estudantes dos cursos de graduação e pós-graduação em Geografia.



No âmbito desse quadro geral de referências, cumprindo com o papel ético-político da ciência, o MSEU não só tem denunciado o processo de uso do território de acordo com os interesses preponderantes da lógica da racionalidade técnico-instrumental capitalista economicista, como também tem dado voz e valorizado as palavras ditas pelos homens e pelas mulheres que se acham em processo permanente de luta social a fim de fazerem valer seus interesses na perspectiva da construção de uma outra racionalidade, a qual faça valer o uso do território como abrigo e proteção social.


A realização de estudos e pesquisas acerca dos principais problemas geográfico-ecológicos inerentes às especificidades do processo de formação socioeconômica e territorial do Brasil; as atividades de assessoria realizadas junto aos diversos tipos de movimentos sociais de cunho progressista, na cidade e no campo; a realização de seminário e colóquios para debater os referidos problemas; a publicação de textos científicos em coletâneas nacionais e internacionais; e a manutenção da revista eletrônica Movimentos Sociais e Dinâmicas Espaciais constituem, em seu conjunto, as principais atividades desenvolvidas e fomentadas pelo MSEU na perspectiva da concretização da necessária práxis tão relevante para o processo de transformação da atual forma de uso do território no Brasil.


Tendo a consciência de que a efetividade do processo de transformação do território usado reside no diálogo democrático permanente estabelecido, com liberdade e autonomia, entre as diversas experiências históricas de rebeldia em relação à ordem estabelecida norteada pelo economicismo, o MSEU vem articulando-se com instituições governamentais e não-governamentais nacionais e internacionais vislumbrando o debate e a construção de perspectivas de projetos alternativos de uso do território, que sejam efetivamente adequados às reais necessidades dos brasileiros e das brasileiras.


Diante, portanto, da perspectiva de fazer valer uma ciência politicamente engajada como práxis transformadora, o MSEU tem-se aproximado da problemática concernente à condição humana de moradores e moradoras que, através das suas mobilizações sociais (re)ativadas no tempo histórico e fundamentadas nas suas experiências territoriais cotidianas, lutam pela consolidação das suas práticas de ocupação e/ou urbanização de terrenos socialmente conquistados na cidade.


Ao mesmo tempo, o MSEU aproxima-se de estudantes das redes públicas e privadas de ensino médio com vistas a contribuir com o processo de formação da cidadania dos estudantes que se preparam para ingressarem em universidades, bem como de povos tradicionais como quilombolas, dentre outros atores sociais, com vistas a, através do desenvolvimento de atividades dialógico-pedagógicas, reforçar os valores “transformadores” inerentes a cada lugar de existência, capazes de contribuir para a mudança social efetiva no sentido de fazer valer o território usado como abrigo e proteção social.


As principais linhas de pesquisa desenvolvidas atualmente junto ao MSEU são as seguintes: Espaço e Cidadania; Planejamento e Desenvolvimento Sustentável em Ambientes Urbanos; Políticas Públicas e Produção do Espaço; covid-19; Trabalho, Consumo e Produção do Espaço. A movimentação de parte das atividades do MSEU podem ser acompanhadas pelo Instagram.

“Educação não transforma o mundo.

Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo” (Paulo Freire)


“Apenas quando somos instruídos pela realidade,

é que podemos mudá-la” (Bertold Brecht)

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